quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Entrevista com a querida professora Verônica - "História Viva" da escola !


(Foto da entrevistada - Acervo pessoal)
A entrevista a seguir foi realizada com a professora Verônica Rebouças, professora querida, dedicada e respeitada de Geografia do Colégio Estadual Antonio Houaiss, que conheceu e trabalhou na escola antes mesmo de ter  virado  Escola Estadual, quando ainda funcionava como escola particular. A Entrevista foi realizada pelas alunas Eduarda Sales e Stephanie Silva (ambas da turma 1024) na sala dos professores da própria escola, fazendo parte da pesquisa que elas realizaram sobre a História do Colégio Estadual Antonio Houaiss.
1.    Seu nome, por favor, professora.
Meu nome é Verônica Rebouças, professora de Geografia desde 2002 anos na escola estadual e na escola particular, desde 1997, quando meu filho veio pra cá no maternal. Sou "história-viva" dessa escola.
2.    Como era a escola no passado?
Aqui era uma escola que tinha desde a creche até o pré-vestibular.
3.    Pois é, professora. Quando nós fomos lá em cima ver a escola, chegamos ver os brinquedos e o parquinho.
Sim, mas lá pra cima, além dos brinquedos, tem o teatro, um teatro mesmo, com palco...super legal. O espaço físico era muito diferente, porque era uma escola que era particular e tinha turmas desde a creche até o pré-vestibular. Então tinha um espaço muito diferenciado de hoje,  tinha parquinho, tinha piscina, teatro, até academia tinha!
4.    Tinha até academia?
Tinha ! Era totalmente diferente. Aí começou o Estado, e aí, assim, os primeiros diretores aqui fizeram um trabalho muito bacana. Nesse período, quando a escola particular fechou, em 2001, ela permaneceu um bom tempo fechada, até virar Estadual, em 2002. Aí, quando eu voltei, a escola já estava mais caída, porque um espaço desses precisa de manutenção. E aí a direção tentou... eles eram assim, agitavam muito.
5.    Verdade? O que eles faziam?
Faziam mutirão de limpeza com os alunos, compravam lâmpadas, faziam tudo. Aí a gente conseguiu deixar a escola "show de bola".
6.    Então quer dizer que a escola ficou abandonada por um tempo?
Sim, entre o período que ela era particular e foi  fechada até o Estado alugar o prédio, ela ficou abandonada. Aí, assumiu essa direção, que foi a primeira. Isso foi em 2002. E aí, mesmo com todos os problemas dessa direção a gente começou as aulas aqui do jeito em que estava. Não tinha nem papel higiênico. O Estado não mandou nada.
7.    Nossa! O que vocês fizeram?
Pois é, o Estado não mandou nada! A gente que teve que fazer mutirão pra limpar. Nós chamamos os alunos no sábado para vir na escola fazer um mutirão de limpeza, não tinha agente de limpeza, foi assim.
8.    Eu acho que nós podíamos fazer isso de novo, porque vimos o estado da escola lá atrás e está terrível.
É porque tem uma parte dessa escola que, para o Estado, é como se não fosse dele.  Então fica abandonado. Eu não sei qual é o limite para o espaço alugado pelo Estado.  Mas acho que não é o espaço inteiro.
9.    Nós também achamos isso, porque lá atrás tem um espaço muito grande, e totalmente abandonado.
Sim, acho que eles não alugaram tudo não.
10.  Então, se eles não alugaram o espaço inteiro, a qualquer hora que o proprietário quiser fazer qualquer coisa, ele pode fazer?
Pois é, vários diretores tentaram pedir para que o Estado comprasse o prédio, em definitivo. Mas parece que um dos problemas é que o prédio não está no nome de um proprietário só. Então tem inventário, uma coisa meio enrolada. Mas já houve uma tentativa de compra desse prédio pelo Estado. Mas aí o que acontece, teve essa direção que deixou a escola "top", legal mesmo, mas aí começou o problema. Começou a não ter mais eleição direta para diretor.  E aí começou a vir um monte de diretores de fora, impostos pela Secretaria Estadual de Educação, pessoas que não tinham nada a ver com a escola, que não tinham vínculo com a Escola, pessoas que eram de fora, que não eram daqui. E aí a escola começou a ficar meio... provavelmente acredito que não foi negligência dos diretores,  também acho que foi falta de verba e tudo.
11.  A coisa ficou meio embolada, então?
Bom, eu sei que a escola, depois da primeira gestão, foi decaindo demais. A infraestrutura, ficou muito muito ruim. E aí, o que eu percebo...como eu sou uma das mais antigas professoras daqui, quando a atual gestão entrou, ela chegou com vontade de recuperar o espaço físico da escola, melhorar o aspecto. As salas, antes eram todas pichadas, não tinha luz, não tinha ventilador, nada. Vocês são do terceiro ano, né? Vocês parecem alunas do terceiro ano.
12.  Não, somos do primeiro ano. Por que?
Ah, pensei que eram do terceiro. Então vocês não viram a escola antes. Então, essa direção está aí desde o ano passado, e o que tenho percebido é que assim, não sei se o Estado passou a mandar mais verbas, não sei o que de fato está acontecendo. Mas a escola está voltando a ficar como era antes, como eu peguei lá no início. Ainda tem pontos negativos, mas por exemplo, hoje você vê as escolas começando a ser pintadas, já não vê salas escuras, sem luz. Além disso, está tendo reforma na Biblioteca. Então, como professora daqui, eu estou mais animada.
13.  Finalmente acharam a gente aqui, nos encontraram aqui dentro!
Exatamente! Então vocês que são do primeiro ano, tem um fator que é muito importante também: que é o papel do aluno. Não adianta nada: a escola fazer uma coisa linda, e tentar melhorar tudo, se os alunos, que são os usuários principais, depredam, não limpam... não contribuem... por exemplo, no passado, os corredores possuíam murais cheios de trabalhos.  Os professores todos usavam os murais da escola, das salas.Você não via um mural vazio. Aí, essa mudança, acho que foram por dois fatores: as mudanças sucessivas na direção, com pessoas de fora que não tinham nada a ver com a escola, iam vindo e ficando, e também, de repente, a falta de verbas, do próprio estado, pois manter uma escola dessas, com esse porte, não é nada barato.
14.  É verdade. A escola é realmente muito grande.
Sim, aliado à isso também sofremos com a falta de funcionários, porque se você não quer que as coisas sejam quebradas, você precisa de um funcionário para fiscalizar. Por exemplo, chegou um momento em que mandaram um computador para cada sala de aula, para cada professor.  Aí eles colocaram os computadores.
15.  Sim, os computadores estão lá atrás, nós vimos. O que aconteceu?
Pois é, colocaram os computadores mas a sala não tinha nem portas para fechar a sala. Como você vai deixar um computador assim, largado?
16.  Eu e Eduarda fomos lá atrás tirar as fotos. Quando chegamos lá, vimos tanto desperdício...computadores quebrados e largados... tinham máquinas largadas, antigas. Lá atrás nos falaram que, antigamente, tinham janelas. A gente não sabe exatamente o que era ali, mas nos informaram que os moradores da comunidade da boca do mato pegaram as janelas.
Nisso você chegou a um ponto que é extremamente importante falar: Na época em que a escola era particular, e eu trabalhei nessa época,  por 5 anos, os donos da escola tinham uma relação muito boa com a comunidade, e faziam questão disso. Sempre faziam doação de alimentos, e no dia de São Cosme e Damião, que era o dia do aniversário da escola, eles abriam e faziam festa, e vinha o pessoal todo da comunidade para dentro da escola. Ela fazia questão de ter um bom relacionamento porque ela sabia que, senão...tanto que nessa época em que a escola era particular, não havia essa questão de roubo e nada disso porque eles respeitavam a escola.  Eles sabiam que aqui era um lugar que dava um benefício para eles. Ele tinham uma relação muito boa. Depois não, depois o pessoal da própria comunidade passou a entrar aqui nos finais de semana para roubar e ocupar o espaço...isso os bandidos porque o pessoal do bem nunca ia fazer isso... então com o tempo foi tendo essa queda, mas sinto que as coisas vão melhorar muito. É uma direção que tem disposição para melhorar, e está tentando muito, na medida do possível. Claro que ninguém aqui de um dia para o outro tudo mude, até porque não foi de um dia para o outro que piorou.  Então, a gente tem que fazer nossa parte. Os alunos principalmente. Outro dia, os alunos quebraram as lâmpadas da própria sala de aula...então fica complicado.
17.  Entendi. E lá atrás, o que tinha lá atrás? Ficamos chocadas com o espaço vazio, com o lixo... O que era lá atrás?
Bom, lá atrás tinha uma quadra de cimento, descoberta. Tinha esse teatro que eu falei...
18.  Nós vimos uma porta grande, fechada. É esse o teatro?
Sim, essa porta grande era a porta do teatro. E mais lá pra cima, tinha uma obra inacabada.
(Uma outra professora interrompe a entrevista, dizendo que era o teatro. As meninas perguntam e a professora entrevistada afirma que a outra professora, Glória, tinha os filhos estudando na escola na época que a mesma ainda era particular).
E tinha um projeto lá atrás de construção de uma piscina olímpica. Parece que até já tinha o espaço determinado para tal. E no caminho, indo para o teatro, tinha o laboratório de ciências, essa parte de ginástica, tinha um vestiário...tudo isso no lado esquerdo da quadra. Quer dizer, isso ainda existe lá, porque não foi demolido...
19.  Pois é, vimos várias coisas perigosas lá atrás...muita coisa abandonada, que pode cair na cabeça de alguém... O teto do banheiro caindo, tem uma parte presa em um vergalhão, tudo ali pendurado e abandonado... A piscina, a gente viu, cheia de mato, água parada...parece funda.
Sim ! era uma piscina olímpica! E ali, no segundo andar, tinha uma parte com brinquedinhos infantis, tinha uma piscina também, menor., para o maternal. E nesse pátio interno, no segundo andar, também era uma área de recreação das crianças, com brinquedinhos, essas coisas. Mas o que eu vejo, é que se fosse fazer um gráfico, Eu peguei assim, daí teve uma queda, daí subiu novamente, daí caiu muito, e agora já apresenta sinais de recuperação, depois de tudo isso.
20.  E lá pra cima? tem uma escada em frente a piscina...
Ah, é ! Nas salas do terceiro andar, não sei se vocês viram...parecem umas covas. Ali era uma horta ! Já teve um projeto do sesc que buscava revitalizar essa horta, aquilo ali foi construído para ser uma horta mesmo. Ou seja, um espaço que ficou ali perdido...
21.  Sim, vimos também diversos brinquedos...
Sim, tinha vários brinquedos, escorrega, quadro negro...
22.  A mensalidade devia ser bem cara, né professora?
Sim, era bastante cara, a escola era de ponta ! Você veja, era do berçário até o pré-vestibular.
23.  Nossa, mas a escola se acabou muito...
Pois é...todo lugar que é muito grande, exige uma atenção maior. Você precisa estar sempre pintando, cuidando, consertando... Se o lugar está com infiltração, tem que cuidar logo, senão pode piorar, e a parede cai. É que nem na casa da gente, entendeu? Então, essa escola ficou por muitos anos abandonada nesse aspecto. O que vocês encontraram esse ano, já foi, assim, uma coisa melhorzinha. Aquele pátio, ali, interno, do lado das salas de aula ,era um verdadeiro cemitério de cadeiras quebradas, pilhas e pilhas ali jogadas.
24.  Ainda tem um pouquinho, né , professora.
Sim, mas não se compara ao que era antes, o pátio era tomado por cadeiras velhas. A gente ia dar aula e ficava olhando para aquelas sucatas, horrível.  Mas acho assim, que estou muito animada com a nova direção, mas o papel do aluno, insisto, é fundamental. Se vocês entrarem numa de valorizar o espaço público, de denunciar, fiscalizar o nosso espaço, isso pode melhorar muito. A direção tem mostrado muito boa vontade. Mas acho assim, que também temos que colaborar. Isso é fundamental para que a escola dê certo!

   Nessa entrevista, pudemos conhecer a história da nossa escola, como ela mudou ao longo do tempo e despertar a atenção para o nosso papel enquanto alunos. Não podemos esperar somente o governo, os professores ou a direção fazer tudo pela gente. Devemos também colaborar para o funcionamento da escola, seja prestando atenção nas aulas, seja valorizando nosso espaço de sala de aula. Não adianta uma escola pintada, organizada, se no dia seguinte os alunos estão pichando ou quebrando as coisas. Devemos contribuir para uma escola que realmente dê certo: seja cuidando, seja fiscalizando ou dando o exemplo do comportamento que queremos, afinal, a escola é pública e nossa. Por isso nosso papel é primordial no funcionamento e na melhoria da escola. Não há escola boa sem alunos que contribuam, efetivamente, para tal.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Quem foi Antonio Houaiss?

Antônio Houaiss (Rio de Janeiro RJ 1915 - idem 1999). Filólogo, lexicógrafo, tradutor, crítico literário, professor e diplomata. Filho de imigrantes libaneses, realiza os cursos primário e ginasial no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro. É ainda na escola que trava contato com aqueles que seriam, por toda a vida, seus mestres: Joaquim Mattoso Câmara Junior (1904 - 1970), Antenor Nascentes (1886 - 1972) e Ernesto Faria Júnior. Forma-se perito-contador pela Escola de Comércio Amaro Cavalcanti em 1933, a fim de financiar seus estudos. Em 1934, passa a lecionar português, latim e literatura no ensino técnico secundário da prefeitura, função que exerce até 1946. Licencia-se em letras clássicas em 1942 pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil. Após dois anos de ensino de português no Uruguai, a serviço da Divisão Cultural do Ministério das Relações Exteriores, entre 1943 e 1945, ingressa, por concurso, na carreira diplomática. Passa por postos em Genebra, República Dominicana, Grécia, Estados Unidos e Ruanda, realizando atividades na Organização das Nações Unidas (ONU). As viagens são interrompidas entre 1957 e 1960, quando atua no Brasil como assessor de documentação do presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek, entre 1956 e 1960. Torna-se membro da Comissão Machado de Assis desde sua criação, em 1958, consolidando-se como um dos principais teóricos brasileiros da ecdótica, ciência que busca estabelecer o texto original de um autor, por meio da comparação de diferentes versões originais. Em razão de seu declarado esquerdismo, é afastado do Itamaraty em 1964, após o golpe militar. Atua, então, como editorialista doCorreio da Manhã e dedica-se à primeira tradução para o português de Ulisses, do escritor irlandês James Joyce (1882 - 1941), publicada em 1970. Inicia seu trabalho no mercado editorial participando da edição dos dicionários Barsa de línguas inglesa e portuguesa,Koogan-Larousse e Webster's, e da enciclopédia Mirador. Ingressa na Academia Brasileira de Letras (ABL), ocupando a cadeira número 17 a partir de 1971 - nessa instituição, organiza o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Nos anos 1980, integra a Comissão para o Estabelecimento de Diretrizes para o aperfeiçoamento do ensino e aprendizagem da língua portuguesa, e dá início à elaboração de um dicionário, interrompida em 1992 por falta de financiamento; o projeto é retomado cinco anos depois, em 1997, com a fundação do Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia. Em 1985, participa da reorganização do Partido Socialista Brasileiro (PSB), posto na ilegalidade em 1965 pelo Ato Institucional nº 5 (AI-5). Representa o Brasil na comissão que elabora o projeto de unificação ortográfica da língua portuguesa em Lisboa, em 1990. É, em 1993, nomeado ministro da Cultura do governo Itamar Franco. Morre em 1999, em decorrência de pneumonia, um ano antes da publicação do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, ao qual até então se dedica.
Comentário Crítico
São dois os principais projetos de Antônio Houaiss: elaborar um dicionário da língua portuguesa que contasse com os mais numerosos e detalhados verbetes e unificar a língua portuguesa. Embora seus esforços tenham surtido efeito em ambos os casos, o filólogo morre antes que pudesse testemunhá-los.
Houaiss é o principal defensor do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em vigor no Brasil desde janeiro de 2009, tendo representado o país na comissão responsável pela elaboração dos termos da unificação ortográfica. Credita a necessidade da reforma a uma estratégia política, mais do que à dificuldade criada pela existência de duas grafias oficiais da língua, que acarreta "problemas na redação de documentos em tratações internacionais e na publicação de obras de interesse público".
Em Sugestões para uma Política da Língua, de 1960, o autor defende a "posição segura [da língua portuguesa] entre as grandes línguas futuras da humanidade", diante de um cenário em que parece tender, pelo próprio "imperativo da dinâmica linguística humana" a "um mundo só". As razões para a crença de que o português pudesse se tornar a língua dominante, argumenta, estariam no crescimento exponencial da população de países lusófanos e na "valorização muito expressiva do conteúdo das nossas obras literárias".
Argumento parecido surge em 1985, em O Português no Brasil, mas em chave mais claramente humanista. Houaiss defende o estabelecimento de uma "língua comum" para um melhor desenvolvimento do convívio humano e volta a sustentar o papel estratégico desempenhado pelo português. Nesse sentido, tornam-se ainda mais relevantes a alfabetização e a escolarização de todo o país, sendo este o caminho para que a nação se torne de fato autônoma, capaz de manter seus saberes adquiridos e acumulados.
Na elaboração do dicionário, Houaiss trabalha a partir de 1986, interrompendo as atividades em 1992 por falta de recursos e retomando-as em 1997, após a criação do Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia. Seu projeto se fundamenta em três diretrizes básicas: a datação lexical, ou seja, a indicação do ano ou século em que o vocábulo se registra pela primeira vez na língua; a análise morfológica dos termos (a história e o desenvolvimento de prefixos, sufixos, desinências, terminações e demais elementos de composição); e as definições etimológicas. A obra é concluída pelo instituto em 2000, um ano após sua morte.
Sendo um dos integrantes da terceira geração de linguistas e filólogos do Brasil, ao lado de Joaquim Mattoso Câmara Junior (1904 - 1970), Celso Cunha (1917 - 1989), Aurélio Buarque de Holanda (1910 - 1989) e Segismundo Spina (1921), entre outros, Houaiss é, embora, considerado "antigramatical" - ou, ao menos, pouco afeito a formalismos gramaticais. É o que se nota em uma passagem de Crítica Avulsa (1960): "[...] o que se está verificando entre nós - de longa data e por razões que se enxertam na nossa condição de país subdesenvolvido e semicolonial - é que a nomenclatura gramatical, em lugar de ser ancilar e auxiliar da aquisição da linguagem, é um obstáculo para isso".
Não apenas a preocupação com os destinos do país se verifica em sua trajetória. Estudioso da língua e da linguagem, Houaiss encarrega-se de mostrá-las como caminho para o desenvolvimento do sujeito: "A hominização do homem se faz em grau crescente na medida em que este se assenhoreia da linguagem verbal", escreve, também em Crítica Avulsa.
Assim é que também a crítica literária desse polígrafo não se contenta em considerar as obras avaliadas como problemas de linguagem. A respeito de Augusto dos Anjos (1884 - 1914), escreve: "As dificuldades materiais de sua vida, a luta pelo bem-estar da família, os reveses e as incompreensões sofridas, tudo precipitou, nesse autodidata que acumulou saberes de um plano cognitivo para uso noutro plano expressional, a originalidade de sua cosmovisão e de sua poesia, cuja parte formal, abstraído o vocabulário, poucas inovações apresenta deliberadamente". É após essas considerações, que levam em conta a vivência do poeta, que Houaiss passa a discutir os procedimentos adotados nos versos.
O trecho selecionado é parte da introdução a Augusto dos Anjos - Poesia, por Antônio Houaiss, em que o estudioso estabelece o que pode ser considerado, diante de diferentes versões, o texto original, ou o mais próximo dele. Também nesse terreno, o da ecdótica, se destaca o filólogo, especialmente a partir de 1958, quando se cria a Comissão Machado de Assis - justamente para estabelecer o texto do autor brasileiro, num trabalho que se torna referência para as edições seguintes. Sendo um dos membros desse grupo de trabalho, Houaiss escreve introdução filológica às Memórias Póstumas de Brás Cubas, tornando-se referência na crítica textual.
Em 1970, publica a tradução de Ulisses, do escritor irlandês James Joyce (1882 - 1941), à qual se dedica por sete anos. Por se tratar da primeira tradução realizada para o português, sua importância é reconhecida por todos os profissionais da área. O êxito na tarefa, porém, é motivo de controvérsias. Alguns críticos veem seu trabalho de modo elitista e pouco fiel à linguagem oral empregada no original. Outros lhe reconhecem a importância, opinião que pode ser sintetizada na consideração de Haroldo de Campos (1929 - 2003): sua tradução "foi elaborada dentro de uma tradição radical, que recupera para o português os efeitos de linguagem típicos de Joyce e da língua inglesa".


E como pronunciar o nome "Antonio Houaiss"?????

Cada pessoa pronuncia o nome da escola de uma forma diferente. Porém, segundo Helena Figueira, na seção de dúvidas do sítio Lingüística, o sobrenome Houaiss é pronunciado como [‘wajs] ou [‘uajs]. Sendo o símbolo [w] de som correspondente ao 'u' de 'quase' e o símbolo [u] correspondente ao 'u' da palavra 'nua', enquanto que o [aj] se assemelha ao 'ai' de 'caixa' e o símbolo [s] ao 'ss' de 'massa'. O símbolo [‘] precede o fonema tónico da palavra.

Trabalho sobre a violência no Colégio Estadual Antonio Houaiss.

Os alunos da turma 1022, Nelson Ambrosio, Roberto Lucas, Filipe Penha, Igor Baroni e Juan Luiz fizeram uma reflexão sobre a questão da violência na Escola. Na apresentação do trabalho, refletiram sobre a violência no âmbito escolar e pesquisaram sobre um trabalho que ocorreu na escola sobre as diferentes formas de violência presentes na escola e de como o jovem se sente afetado por isso. Deram testemunhos de exemplos de violência vivida/sentida na escola, além de nos mostrar atos de vandalismo presentes no dia-a-dia da escola (portas arrobadas, buracos nas portas pelos quais os alunos enfiam a cabeça e outros membros, carteiras quebradas, pixações, etc). Leram e explicaram para a turma o seguinte artigo, elaborado pela professora Iacy Nunes Oliveira Santos.

Prática Exploratória e o projeto político pedagógico do Colégio 

Estadual Antônio Houaiss – professores e alunos construindo parcerias 

Resumo: O texto relata uma proposta de reflexão sugerida por alunas do

Ensino Médio de uma escola da rede pública estadual sobre as diferentes
formas de violência presentes na escola e de como o jovem se sente afetado
por isso.

Palavras-chave: violência, espaço escolar, reflexão, conscientização,

mudanças.
Tudo começou com o convite a Cláudia Maria, Monique Novaes e Saionara O.
de Carvalho, alunas da turma 2011, do Colégio Estadual Antônio Houaiss, Rio de
Janeiro, para participarem das reuniões de organização do 8º Encontro Anual de
Prática Exploratória, evento que aconteceria em outubro de 2006 na PUC.
Logo na primeira reunião, ao saberem da possibilidade de organizar uma
oficina, o grupo de alunas sugeriu refletir sobre a violência explícita presente no
cotidiano escolar. Violência que pode ser verbal, física ou contra o patrimônio
público. Nas palavras de Saionara, quase sempre, as raivas e revoltas de muitos alunos
resultam em cadeiras e mesas quebradas, pichação de paredes e o pior, no desrespeito
a colegas de turma, professores, funcionários, coordenadores de turno e até mesmo à
direção geral da instituição. A sugestão foi imediatamente aceita e começamos a
desenvolver o tema.
Lançando mão de uma estratégia de marketing audaciosa, as alunas do turno
da tarde da escola do Méier, batizaram a oficina com o nome de um grupo musical de
enorme sucesso entre os jovens – Os Rebeldes. Pronto! O número de inscritos superou
todas as expectativas, afinal professores, coordenadores pedagógicos e alunos
participantes, desejavam saber qual a relação entre o grupo pop mexicano e a Prática
Exploratória...
Durante a oficina, que contou com o apoio logístico das experientes
professoras Marja, Doreen e Sylvia, o grupo de participantes teve a oportunidade de
ver – através de fotos do colégio, reportagens publicadas em jornais e revistas de
grande circulação sobre o tema e artigos publicados na Internet – o quanto a violência
que acontece no espaço escolar incomoda o jovem e a toda comunidade escolar, não
somente no Rio de Janeiro, mas em outras partes do país e do mundo.
Os participantes, organizados em pequenos grupos, foram convidados, então, a
relatar suas experiências relativas ao tema e a troca de informações fluiu com
naturalidade. Ao final, os diversos grupos de participantes que se formaram foram
incentivados a produzir e apresentar pôsteres, sintetizando suas impressões sobre o
tema proposto. Ao término da oficina, os trabalhos produzidos, passaram a integrar a
exposição geral de pôsteres, realizada no salão da pastoral.
Sabedora do trabalho desenvolvido pelas alunas da 2ª. Série, nossa
Coordenadora Pedagógica, professora Taísa Ferraz, convidou-as a apresentar a oficina
realizada na PUC, em outubro, no evento que aconteceria em novembro no Colégio
Estadual Antônio Houaiss – o 1º Encontro de Todos os Povos e Suas Culturas.
Novamente, as alunas promoveram um ambiente de troca e reflexões. Dessa vez, os
participantes foram seus colegas de turma, de série, de escola e professores da
instituição.
A proposta lançada pelas alunas foi bastante elogiada e comentada por todos
na escola. No início do presente ano letivo, para nossa alegria e surpresa constatamos
que o Projeto Político Pedagógico da escola contemplava justamente o tema da
preservação da escola, da qualidade de vida e do ambiente. Atualmente, como observa
Monique, passamos pelos corredores de nossa escola e observamos cartazes
elaborados por alunos de diferentes séries, expondo o tema. Em várias salas de aula,
em diferentes disciplinas, a questão vem sendo analisada e todos buscam uma maior
conscientização sobre o assunto.
Podemos dizer que não vivenciamos mais a violência no ambiente escolar?
Não, ainda não. Mas podemos afirmar que ela está sendo questionada, que todos os
segmentos da escola estão cientes de que ela acontece e de que, se quisermos,
podemos mudar isso...

A AUTORA

Iacy Nunes Oliveira Santos, membro do Grupo de Prática Exploratória, é pós-graduada em língua
inglesa, professora de Inglês da Rede Pública do Estado do Rio de Janeiro, atuando no ensino médio
das seguintes instituições: Colégio Estadual Antônio Houaiss, Méier; Ciep 092 - Federico Fellini, Tomás Coelho; Colégio Estadual Cidade de Lisboa, Madureira e Colégio Estadual Professor José de
Souza Marques, Brás de Pina.
E-mail: iacyprof@hotmail.com

Os alunos adoraram a iniciativa proposta pela professora Iacy e pediram para que realizássemos um trabalho sobre a violência na escola, a fim de voltar a despertar a consciência dos alunos para a necessidade de preservar o ambiente escolar e também respeitar a convivência entre todos.

sábado, 28 de dezembro de 2013

Fotos das apresentações dos trabalhos finais.

As apresentações dos trabalhos foram muito divertidas e interessantes; Conhecemos diversos detalhes e informações sobre os bairros e sobre a escola, ouvimos memórias e discutimos fatos e vivências. Muitos revelaram talentos ao apresentar os trabalhos, e a maioria apresentou trabalhos pela primeira vez. Para todos que apresentaram, parabéns pelo trabalho e pelo esforço !






sábado, 16 de novembro de 2013

Vídeo - turma 1024 - Os monumentos do Méier.

De todos, o bairro mais trabalhado foi o bairro do Méier, onde a própria escola se encontra. O Méier é um bairro de classe média da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. É um histórico centro de engenhos que hoje é conhecido como Grande Méier; o qual já foi uma subprefeitura entre 1993 e 2008; tendo um função disso um vasto comércio e variedade de serviços e transportes; ainda que não seja um dos maiores bairros da cidade. É no bairro que se localiza o primeiro shopping center do Brasil, o Shopping do Méier, inaugurado em 1963. Apresenta duas aparências urbanas distintas, uma mais agitada, comercial, nas áreas próximas da rua Dias da Cruz e da estação ferroviária; e outra mais calma, nas ruas mais residenciais. O vídeo a seguir mostra um pouco dos principais pontos do Méier e foi elaborado pela aluna Cassia Lima, da turma 1024.

Os alunos em ação II - O bairro "Engenho de Dentro".

 O trabalho a seguir foi realizado pelos alunos sobre o bairro do Engenho de Dentro. O bairro faz parte da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro e é cortado pela Estrada de Ferro Central do Brasil. Um dos principais destaques do bairro é o Estádio Olímpico João Havelange, conhecido como "Engenhão", onde ocorrem competições de futebol e atletismo. Possui moradores desde a classe média baixa até a classe média alta. Nossos alunos foram até lá fotografar o destaque do bairro, o estádio do Engenhão:
O aluno Eziel Silva diante da estátua de Nílton Santos, jogador de futebol, inaugurada em 2009 na ala Oeste.




Os alunos em ação ! - Madureira

Fotos das alunas da turma 1022, que pesquisaram sobre o bairro de Madureira, bairro da Zona Norte da Cidade do Rio de Janeiro. Muitos alunos são de Madureira, e vieram, por diversos motivos, estudar na nossa escola. A população desse bairro é basicamente de classe média e média baixa, incluindo algumas comunidades carentes, como o Cajueiro, a Serrinha, São José, etc . Os destaques ficam por conta de uma imensa amplitude de linhas de ônibus e sua variedade de estabelecimentos comerciais, como o Mercadão de Madureira, sendo o segundo pólo comercial e econômico da cidade e o maior do subúrbio. O bairro é famoso por ser a atual sede das escolas de samba Portela, a mais antiga escola de samba carioca e a Império Serrano. O bairro tem cerca de 50 mil habitantes(embora sua população flutuante seja muito maior que isso).

Seu IDH, em 2000, era de 0,831, o 67º melhor da cidade do Rio de Janeiro.
As meninas no Mercadão de Madureira.

O senhor entrevistado, morador de Jacarepaguá mas frequentador assíduo de Madureira.






As meninas em frente a Estação Mercadão de Madureira e à quadra da Império Serrano.